Você Falou Comigo?

Você Falou Comigo?
É Que Eu Estava MESMO Te Ignorando!!

domingo, 26 de julho de 2009

Inverno no Clube

Chove. E faz frio. Como se não bastasse a quase sobrenatural reincidência com a qual esses dois fenômenos climáticos ocorrem ao mesmo tempo, eu estou trancado em casa há cerca de 72 horas, comendo, navegando e bebendo, e pensando bobagem.
Minha mãe está na sala, preparando seus livros de chamada. Amanhã é dia de aula, e logo de manhã, bem cedo, vai sair e pegar um ônibus até um município vizinho, coisa que considero um absurdo ao qual alguém na idade dela se sujeite a fazer, mas que é o que paga nossas contas, atualmente. A pensão ridícula que o Governo desse Estado paga chega a ser ofensiva. Espero mudar esa situação em um ano.
Lógico que, pra isso, preciso retomar meus estudos, e começar a trabalhar na área que escolhi. E isso, sinceramente, parece cada vez mais longe, principalmente quando olho lá fora, num dia como este, e não sinto vontade de sair na rua, dado meu estado de alienação atual, sem dinheiro, sem perspectivas de emprego, hostilizado e esquecido pelos auto-proclamados "amigos", que costumam aparecer somente quando suas opções se acabam, e precisam de companhia gratuita por algumas horas. Preciso rever seriamente meus conceitos de amizade e convívio social...

Até o final desta semana, devo ter tomado uma decisão sobre meu futuro próximo. Ando pensando muito em desistir de vez de Florianópolis, tamanha dificuldade de alcançar meus objetivos mais imediatos. Eu deveria ter o bom senso de sair do caminho de todos ao redor, e ir pra estrada, mas definitivamente. Sair sem avisar. Não fosse a situação emocional em que deixaria minha mãe, era capaz de eu fazê-lo, amanhã mesmo. Aliás, uma manhã chuvosa e fria é um péssimo motivo pra se sair de casa, mas um excelente pretexto pra se buscar o sol.

E eu PRECISO do sol, deseperadamente. Não posso mais viver no escuro. Nunca antes me senti tão isolado e triste, em toda essa merda de vida adulta. Esse exílio auto-imposto em minha própria casa está fazendo de mim um homem horrível, paranóico, indulgente, e intransigente. Gostaria muito de sair daqui. PRECISO sair daqui.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Crônicas do Cafezal: "Ação Entre Amigos"


O fim-de-semana começou na terça-feira. Pra ajudar um amigo, hospedei por uma noite quatro músicos em minha casa, cada um uma banda de um homem só. Estiveram viajando juntos, de carro, durante cerca de uma semana, e vieram pra cá tocar, numa noite só, pra uma platéia entusiasmada e aparentemente satisfeita. Sua música primitiva e nervosa me fez perceber, mais uma vez, que não há lugar para virtuosismos no rock'n'roll, à não ser para os onanistas de plantão. Um genuíno show de rock, do tipo que tenho visto raramente.



Na sexta, um velho amigo chegou de viagem, veio visitar a família, e saímos com outro amigo. A noite e a conversa fluíam bem, apesar de já termos saído bem tarde de casa. Paramos num bar perto do centro da cidade, e cerca de uma hora depois que chegamos, presenciamos o que por pouco não se tornou um homicídio: dois idiotas começaram uma briga, o maior deles (um estrangeiro) se sentiu ofendido por algo que o mais novo disse (presumivelmente uma piada ofensiva sobre colombianos!) e acertou um tapa forte no rosto do menino, que caiu da cadeira. Confusão instalada, o colombiano se aproxima de NOSSA mesa, e pega a MINHA garrafa de cerveja, e a espatifa na parede, fazendo o gargalo de arma!!
Levantamos imediatamente, a tempo de ver um sem-teto que perambula por ali se envolver na confusão e, por muito pouco, não acabar com a garganta cortada!!
Despesa paga (o dono do bar cobrou a cerveja perdida na despesa do gringo!) nos levantamos e saímos dali.

Em casa, sem sono, meio tenso e ainda querendo beber, fiquei por cerca de uma hora na varanda, no escuro, fumando.

O sábado transcorreu bem parecido. Saímos de novo, nós três, e a conversa, inapelavelmente, descambou pra uma troca de farpas que, se fôssemos menos conhecidos, poderia ter facilmente acabado em briga.

Certas pessoas simplesmente se recusam a me respeitar, querendo que eu acate o tempo todo as suas ofensas veladas à minha pessoa e estilo de vida, às minhas opiniões e gostos pessoais, e quando revido - normalmente de forma contundente! - elas costumam recuar. Resultado: o dono do carro, um mimado e pedante senhor da razão, homem branco típico, obeso, conservador e arrogante, fechou a cara e levou meu outro amigo pra casa. A viagem até minha casa transcorreu em um silêncio incômodo.
Era pra termos saído no domingo, mas até preferi que nenhum deles tivesse me ligado. Meu humor estava péssimo. Saí à noite com outros amigos pra umas cervejas, num bar perto do de sexta-feira. Conversa agradável, outros dois conhecidos apareceram, e fomos tomar a saideira em um outro bar, mais perto de minha casa. Um idiota, não sei se bêbado ou sob o efeito de alguma substância, cismou que o carro de um de meus amigos era dele, e ficou o tempo todo cercando o carro, e chegou a tentar a maçaneta!!
Mais uma vez, a noite termina de forma abrupta e inesperada, mas, felizmente, sem violência (pelo menos contra mim e meus amigos!).


Coisas assim me garantem que devo MESMO sair dessa terra de caipiras loucos e intolerantes.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O Livro Cego, Ref. n.º 002

(Eu espero que meu algoz possa encontrar _____ em mim, pois ___ nunca consegui achar...
- Rafão)

Outra passagem da caderneta, resto da página vazio.

Crônicas do Cafezal - pt.1

De fato, um fim-de-semana como eu havia previsto: sem grana (o pagamento de um serviço de locução que fiz há mais de um mês só chegou agora, e ainda assim, além de absolutamente irrisório, demorou cinco dias pra entrar em minha conta bancária, como se o dinheiro e seus donos acreditassem que eu vivo à base de luz solar!)

Na sexta-feira, estive na casa de um conhecido, que não mora mais na cidade, e de vez em quando vem ao Cafezal pra visitar a família, e ver seus amigos (na falta de um nome mais apropriado). Uma reunião típica daquelas pessoas que jurei odiar, mas que insisto em me aproximar, como se não houvesse outra alternativa. De fato, não tenho muitas outras alternativas de conseguir cerveja de graça, então, homem fraco que sou, me sujeito a umas ofensas daquelas pessoas, mas pelo menos não passo todas as noites em casa, com insônia, pânico e pensamentos estranhos e mórbidos, que flutuam do meramente simbólico sexual/morte, ao genocídio espetacular com contornos de martírio pela mídia. Minhas fantasias adolescentes recorrentes continuam a aparecer, e nessas horas, é bom ter um blog.
Mas, o que eu queria MESMO é poder sumir, sem aviso.

Estou me sentindo mal, de saúde, já faz tempo. Pode ser só cisma, mas sinto ligeiras pontadas de dor no peito, e cabeça. Tenho um sono péssimo, sobressaltado e desconfortável, e sinto minhas batidas cardíacas cada vez que me deito sobre o lado esquerdo, o que produz um efeito assustador. Dormir de barriga pra cima, nem pensar, restando somente a opção de ir ler na cama, recostado, e deixar o sono simplesmente, bater e me levar, pra acordar de manhã e constatar que meu livro, ou revista, foi parar debaixo da cama, e que deixei a luz acesa.



Ah, o medo... Esse velho companheiro de péssimos hábitos, e hálito pior ainda.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

"When Johnny Comes Marching Home..."

Não estou com sono. A sensação estranha que sinto no peito, misto de dor e azia, deve ser causada por gases. Isso, ou sou muito bom em achar boas explicações pra algo que deveria me incomodar, de fato.
Hoje, nem saí de casa. Tinha várias coisas pra fazer, só fiz metade delas, esperando a chuva que não veio. Vi no noticiário que choveu e ventou muito forte em algumas cidades do Estado, telhados foram arrancados, o de sempre, mas aqui o dia foi tranquilo.
E meio frio.
Amanhã tenho algumas tarefas braçais pela frente. Devem me distrair o bastante, durante algumas horas, até a noite chegar e eu não ter absolutamente nada pra fazer, nada diferente do que já faço em todas as outras noites.
Queria escrever. Não aqui, não essas coisas. E queria viajar, também. E me esquecer um pouco de quem sou, e o que me espera.
Mas, talvez pra compensar, tenho lido bastante. Infelizmente, também tenho assistido mais televisão do que gosto de admitir. Bem, quanto a isso, é só mentir, se perguntarem...

Uns dias atrás, enquanto mexia na arca de papelada velha e brinquedos quebrados, achei uma pasta cheia de coisas, documentos e desenhos, cadernos e calendários, e uma caixa de sapatos com vários álbuns de fotos e negativos. Só o que encontrei ali já preencheria um blog como esse, ao mesmo tempo que me ajudaria a fazer algo que venho protelando há anos: jogar fora algumas daquelas coisas.



(E olha que tem é coisa, hein...?)


O importante é saber quando se livrar do peso extra.

O Livro Cego; referência n.º 001


o livro cego: livro arcano encadernado por monges cegos, e copiado por copistas analfabetos

(datado de 9/05/2008; o resto da página está vazio.)