Você Falou Comigo?

Você Falou Comigo?
É Que Eu Estava MESMO Te Ignorando!!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Maringá, PR: Capital das Bandas de Bosta!

Ao aceitar o convite de um amigo pra participar de um programa de rádio, não imaginava que certas percepções seriam definitivamente confirmadas. O projeto em si é uma iniciativa da direção da própria estação, que pertence à Universidade Estadual daqui, e procura abrir espaços da programação para colaboradores externos, que possam contribuir para a diversidade de influências culturais da emissora, ao mesmo tempo em que a exime da responsabilidade e do compromisso de pagar por mão-de-obra "especializada" que produza programas com um minimo de qualidade e padrões. Quanto ao último, creio sinceramente que seja algo fácil de ser mantido, mas quanto à qualidade, duvido sinceramente que seja uma preocupação que me aflija, principalmente se levar em conta a situação em que me encontro, trabalhando de graça pra contribuir pro projeto cultural de alguém.
De qualquer modo, queixas à parte, tem sido uma época divertida, o que ameniza as dificuldades e falta de perspectivas deste ano horrível que tenho passado. O programa é leve, repleto de conversas e músicas diversas, humor e comentários sarcásticos por parte dos três integrantes. Nem reclamo de ter de pesquisar um pouco para levar material, pois isso me faz pensar menos naquilo que tem me incomodado de verdade, e distrai minha atenção do que vou enfrentar em pouco tempo.

Recentemente, numa conversa com jornalistas que estavam de passagem por aqui, comentei sobre uma característica marcante da assim chamada "cena cultural independente" (ênfase nas aspas!) desta cidade, e sua suposta repercussão nos meios similares, país afora. Essa característica me parece digna de nota devido ao puro teor elitista e sectário que aplica à "cena", que é a tendência das bandas de rock, sobretudo, de serem formadas por pessoas oriundas da mesma classe social privilegiada, o que determina que essas iniciativas apareçam mais em função do poder aquisitivo de seus integrantes do que do talento e esforço pessoal em si. Resumindo: o rock enquanto hobby de filhotes da classe média que acreditam-se talentosos em sua rebeldia de shopping center, e conhecimento musical adquirido online.

É comum por aqui a noção de que "a cena não vai pra frente porque não há união." Ora, se interpretarmos a "cena" como um reflexo do estrato social em que foi gerada, é natural que não haja união! E depois, certas pessoas cujos rumos, escolhas, e cujas oportunidades que lhes foram presenteadas na vida, ganharam um nível de sucesso profissional e ascenção social muito superiores do que a maioria, acabam por se considerar dignos do luxo de exercerem seus hobbys de forma mais efetiva, e se propõem a exibir seu suposto e auto-proclamado "talento" (novamente, ênfase nas aspas) para um público que nunca teve senso crítico apurado, no que diz respeito à identificação de tendências e ideologias que possam contribuir para o crescimento intelectual do indivíduo. Em suma, uma geração de auto-proclamados artistas, medíocres por excelência, e que encontram público cativo entre pessoas tão ou até mais medíocres do que eles mesmos.

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Sendo crias de uma classe média que nunca os julga desfavoravelmente, e tendo pais que aplaudem cada ato de "rebeldia criativa" de seus filhotes brancos e de sólida formação cristã, essa mesma geração de não-entidades, pautada pela auto-indulgência e falta crônica de uma cultura geral, se veste confortavelmente de seus estereótipos favoritos (algo que possam despir facilmente quando é necessário e oportuno) e vão às ruas reivindicar o que em outras épocas era a trincheira daqueles realmente talentosos e excluídos de todo um contexto de produção cultural devido à diversos fatores, como etnia, poder aquisitivo, acesso aos meios de comunicação, etc.


Não contentes com todas as facilidades que seus papais e mamães (e amigos de papai e mamãe) lhes garantiram na hora de passar de ano, dirigir carros antes da idade, entrar e sair da universidade sem maiores complicações e posições de destaque em empresas ou quaisquer outros empreendimentos, uso de drogas e álcool sem a menor moderação, essa classe média do rock também é fortemente caracterizada por uma total incapacidade de ouvir e/ou aceitar críticas, respondendo à elas (caso apareçam) de formas muitas vezes até exageradas, como ameaças e agressões físicas, além das costumeiras e pueris agressões verbais. De que adianta tanta educação (formal) e seus diplomas, seu orgulho de serem filhos ou netos de imigrantes europeus ou japoneses, seu suposto talento artístico (sobretudo musical), se jamais entenderam uma primordial característica humana, a sensibilidade estética: você pode até estar 100% certo de que o que faz é bom e lindo, mas nem todos vão concordar com você, pois não tiveram a mesma formação que você, e muitas vezes, são mais talentosos que você, independente dos seus instrumentos caros, que você não toca direito mas adora exibir para seus coleguinhas de mediocridade.



(Fim da parte 1...)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Porco-Espinho Emocional.

Ser repulsivo é quase um estado de espírito, é como exalar uma aura de pura maldade química ao redor de si, afastando a todos, bons e maus no processo. É como um superpoder, desses de histórias em quadrinhos. E, como não podia deixar de ser, causa um misto de contra-repulsa e admiração, um carisma pelo feio e anti-social que não sei explicar bem.
Sinto que estou no processo de me tornar um grande filho da puta. Não na acepção do termo, lógico, mas um filho da puta típico, desses que fodem com as pessoas e nem sentem remorso. É engraçado até constatar que, nesta idade em que me encontro, depois de ter sido considerado um cara tão "bacana" por diversas pessoas, de diferentes esferas, diferentes círculos de convivência e origens diversas, percebo que estou desfazendo amizades com uma certa eficiência e de uma forma tão metódica, que parece até assassinato em série.


Após a recente "descoberta" deste blog por parte de um coadjuvante, tenho pensado bastante em ir eliminando de vez, sistematica e implacavelmente, meu convívio social, dados os meus planos pro futuro próximo. Eu não posso carregar ninguém comigo, mesmo, e está cada vez mais difícil evitar de considerar todo e qualquer convívio social como uma espécie de punição por não ter construído minha longa estrada antes, aquela que me levaria pra bem longe, e depois não seria mais usada por ninguém. Frequentemente, sinto como se estivesse sendo escrutinizado por quem não vale nem um peido meu, e ainda assim, certas pessoas (auto-proclamadas "amigas") insistem em me dizer o quanto eu sou um desperdício ambulante, de acordo com seus dogmazinhos de gente burra e desesperada por fazer a diferença na vida de alguém.

Meses atrás, durante uma noite de bebedeira com uns conhecidos, um deles, alguém que já considerei um amigo genuíno, me jogou isso na cara, como se fosse um irmão mais velho ou mesmo meu pai. É evidente que na hora retruquei, mas sinto que desde então não há mais sentido em me aproximar dessa pessoa. Que ele fique com seus conceitozinhos de garoto branco e pequeno burguês, que casou com sua boneca inflável que parece uma atriz de seu seriado favorito pra satisfazer os anseios de sua família também burguesa e mesquinha. Suas definições pré-moldadas de sucesso, fracasso e modelos são menos que papel higiênico pra mim, que sempre soube que estou sozinho.

Sempre soube que estarei sozinho. Na estrada.




terça-feira, 3 de novembro de 2009

A cada vez que a roda gira, esmaga mais e mais minhas expectativas...

Manhã de sol, segunda-feira. Um fim-de-semana quente e divertido, com feriado prolongado, piscina e riso, muito riso. Então, a segunda-feira...

Aparentemente, fui descoberto. O blog quase anônimo que pus no ar despertou atenção de gente que eu nunca desconfiaria que sequer se importaria com as coisas que escrevo, já que na vida "real" nunca manifestaram interesse genuíno pelas minhas opiniões. E, pelo visto, numa próxima edição daquelas "reuniõezinhas típica daquelas pessoas que jurei odiar, mas que insisto em me aproximar", já garanti o assunto por horas e horas, na pauta da nata da burguesia branca e saudável.

E mais uma vez, sou forçado a ver o quanto sou culpado pelas coisas que me são infligidas por parte de gente que representa tudo o que mais desprezo, comprovando outra vez que eu, sim, é que represento tudo o que eles mais odeiam. Seja lá o que represento pra alguém...

Mas, agora a leiteira transbordou, e não consigo mais esconder aquilo que venho cultivando a muitos anos, internamente, nesta terra de brancos. Seja o que for, o jeito é enfrentar de cabeça erguida, e ignorar cada vez mais e com veemência os conceitos deturpados de pessoas que acham que tem o direito de se sentir ofendidas pelas minhas atitudes, sem nunca, NUNCA terem se aproximado de fato e tentado, sequer, saber como eu me sentia quando era mais fraco, e a vítima favorita das agressões de quem me despreza e finge afeto, por uma questão de curiosidade. Seus auto-proclamados atos de amizade me parecem ainda mais irrisórios quando penso no preço a pagar, para pertencer.

Essa época acabou. Eu só pertenço a mim, e só percebo isso agora.