Você Falou Comigo?

Você Falou Comigo?
É Que Eu Estava MESMO Te Ignorando!!

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Os Embalos de Sábado A Noite, Mas Sem Os Embalos.

É o tipo de noite na qual eu queria muito ter companhia. Um sábado qualquer, como todos os sábados de minha vida, atualmente. Nessa idade e com esse arremedo de convívio social, ter lembranças de uma época em que isso era diferente torna tudo muito amargo, e ruim de engolir. Mas é a constatação, afinal: cheguei à aposentadoria.
A busca por oportunidades de emprego e por uma saída viável e saudável da situação em que me encontro me atraem inexoravelmente para este computador, seu monitor enorme e o fone de ouvido, testemunhas de minha crescente inadequação social. Participar de eventos sociais que aparentemente me distraem por algumas horas desse marasmo não tem mais sido tão eficaz, pois percebo o quanto as pessoas têm sido parcialmente atenciosas comigo apenas por uma questão de convenção social, ou pelo menos é como as coisas parecem, hoje em dia. Eu careço de diálogo real, e de gente interessante. Gente instintiva e essencialmente interessante, e não os fantoches com quem me relaciono atualmente. Eu não consigo apontar para nenhum conhecido com o qual queira estar, seja para beber cerveja ou simplesmente conversar. Não sei se devo atribuir esse fenômeno ao meu estado constante de frustração e decepção generalizada (depressão patológica) ou se só conheço gente idiota, o fato é que está difícil ser civilizado e simpático.
Pouco tempo atrás, em um desses frequentes acessos de raiva das pessoas que conheci outrora, tomei a decisão de romper laços com várias delas em uma rede social. A raiva acumulada por ler tanta idiotice não justificaria esse tipo de coisa, já que sempre fui muito complacente com gente burra. O que me chamou atenção mesmo foi que, ao contrário das outras vezes em que recorri a isso, dessa vez não tive remorsos. Estaria eu passando por mudanças, metamorfoses do ego que podem me levar a um novo patamar de misantropia e autocomiseração? Ainda não tenho dados para afirmar nada, mas creio que logo, logo, posso muito bem retornar ao estado em que estava, exatos vinte anos atrás, quando resolvi sair de minha varanda e conhecer pessoas.
Em minha mente, sempre retorno àqueles anos, na virada dos anos 80, quando acreditava que o punk rock e as HQs seriam a Nova Ordem Mundial, e que passaria os anos 90 em combate, seja contra máquinas assassinas, ou invasores extraterrestres. Minhas expectativas de futuro eram todas emprestadas do cinema ruim ao qual me submetia, em minha vidinha de adolescente feio e esquisito que morava em uma cidade que odeia. Leia-se: um estereótipo que vestia tão bem em mim quanto um velho casaco que não queremos jogar fora por ser muito, muito confortável e quentinho.
Em pouco tempo vou chegar aos 40 anos. Não haverá festa, nem pretendo alertar ninguém disso, e se puder vou me esconder de quem acha que vou estar muito à vontade e feliz comigo mesmo na ocasião. Pretendo desaparecer nessa data. E confesso que isso também não me agrada, sinceramente. Seria mais fácil se pudesse fazer todos esquecerem quem sou eu, e tudo a meu respeito em suas mentes.

Mas esse nem era o motivo dessa postagem. Eu ia escrever sobre outra coisa, sobre liberdade de expressão, ativismos de ocasião e sobre a natureza dos embates ideológicos. Mas esqueci o que ia dizer.