Brutalidade que me incomoda nesta tarde de domingo, onde o sol parece afastar toda a imundície e sordidez desta vizinhança tão agradável em que vivo. O cachorro corre no gramado lá fora, e de vez em quando, deita na grama e se esfrega nela, com a boca aberta e língua para fora, no que me parece um grande sorriso infantil. A simplicidade disso me faz sentir muito pequeno e tolo.
Parece até indigno (e um tanto perturbador...) que a motivação que encontro para postar venha de fonte tão sórdida e horrível (diga-se de passagem, tenho cada vez menos motivação para escrever qualquer coisa).
Ivan amava Dimitria. Dimitria era jovem, talvez insensível aos avanços do homenzinho fracassado e triste que morava no terreno da escola em que ela estudava. Ivan não aguentou mais e matou a garota a marretadas. Ainda matou outra. Escondeu os corpos numa fossa, e os retirou de lá, para incinerá-los. As cinzas serviram de adubo para a horta da escola.
Percebo que existem coisas bem mais graves nas escolas do país do que o estado de abandono em que a Educação, em geral, se encontra.
Como alguém assim pôde conviver com adolescentes durante tanto tempo? E mais: ninguém percebeu o que estava acontecendo entre essas pessoas? Será que num ambiente tão variado e heterogêneo que é um colégio, absolutamente NINGUÉM leu os sinais de que uma coisa dessas estava para acontecer?
As outras notícias não me animam em nada, tão velho que me sinto ao constatar que meus conceitos de segurança pública, e segurança pessoal, não passam de fantasias, de alegorias de quem teve uma vida bastante protegida, e leu ficção demais. O senso implacável de justiça daqueles seres míticos, unidimensionais, que muitas vezes representaram para mim a bússola moral em uma idade em que todos precisamos de orientação e modelos, atualmente parece cada vez mais distante, risível e anacrônico. O inocentes não parecem mais tão dignos asssim do sacrifício pessoal que eu faria, se fosse jovem, forte e tivesse a motivação correta.
E, mesmo se ainda estivesse disposto, eu teria sequer o direito?
Meus punhos teriam sido o suficiente para deter a maré de apatia que acabou por engolfar tudo ao meu redor? Ou eu também teria sucumbido às tentações do poder fácil, da auto-indulgência, da adulação de pessoas públicas poderosas que, à princípio, lambem sua mão e te carregam até o pódio, mas te jogam aos lobos tão logo você perca sua utilidade?
Eu teria me tornado um justiceiro? Ou apenas um carrasco glorificado, à serviço de uma sociedade monstruosa, que prefere punir do que prevenir?
http://www.odiario.com/policia/noticia/330050/maniaco-da-fossa-mata-menina-a-marretadas.htmlTenho muita vontade de ir viver num lugar ignorado, com pouca gente, e sem fechaduras e propriedades privadas. E sem monstros.