Você Falou Comigo?

Você Falou Comigo?
É Que Eu Estava MESMO Te Ignorando!!

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Strange Horizons

Hoje à noite estive em meu quintal. Olhei o céu como Adam Strange faria, e nenhum raio Zeta me resgatou daqui, pra uma vida mais digna e cheia de aventuras em algum planeta incrivelmente parecido com este, porém melhor. Fiquei lá por um tempo, ouvindo BÖC e os trilhos que levam ao inferno, bebendo e fumando.
Semana cheia, essa. Casamentos de amigos, velhos desafetos no mesmo ambiente que eu, e preguiça de terminar o que mais preciso pra poder reagir, enquanto ainda posso. Meu trabalho de conclusão de curso permanece intocado há um mês, como se fosse se escrever sozinho, e como se eu não precisasse me preocupar com ele. Duplo engano.
Agora escrevo ao lado de uma janela entreaberta e o ar frio de meu quintal compensa o excesso de agasalhos que estou vestindo.
Adam Strange em sua vigília pelo Raio Zeta.

Tendo redescoberto o prazer simples de andar de bicicleta pelas ruas, penso constantemente em pedalar mais. Em pedalar pra bem longe, sem previsão de voltar. Me surpreendo com paisagens familiares, apreciadas de relance durante meus passeios exploratórios noturnos, enquanto presto atenção no trânsito perigoso dessa cidade. À noite, alguns motoristas ficam ainda mais idiotas e insensatos, pois foram criados para isso. Olhares de desdém ou escárnio de gente gorda e bêbada, me olhando das mesas de bar nas calçadas enquanto circulo pela rua em frente a eles reforçam minha convicção de que preciso encerrar esta fase de minha vida, repleta de péssimas memórias e hábitos ruins.

Durmo mal todas as noites, as costelas e coluna doem muito de tanto me encolher. A TV se revela um velho vício do qual não consigo largar de vez, mesmo sabendo que a programação predominantemente ruim não vai me trazer sonhos melhores, ou mesmo uma distração saudável. Ainda assim vejo TV mais do que leio, como um doente dos pulmões que nunca parou de fumar. Sitcoms reprisados à exaustão, documentários que não acrescentarão muito à minha bagagem cultural e filmes cada vez mais tolos parecem ter se tornado uma espécie de dieta que me mantém gordo e complacente, só que na mente. Eu espero que este inverno seja rigoroso o bastante pra me tirar dessa letargia tóxica e debilitante. O frio me torna melhor, mais afiado e  inteligente, como uma arma viva. Um ronin.

Vou voltar a ler, nem que sejam livros emprestados da biblioteca pública. E vou continuar a pedalar, se não por escolha, por esporte.

O mês de maio mal começou e o supermercado já está decorado para as festas juninas. A antecipação que permeia tudo já está em níveis ridiculamente óbvios há anos, e ainda me causa suspeitas. Será que todos perceberam alguma coisa que eu ignoro completamente, e estão com pressa por causa dessa coisa? Que pressa é essa?


Eu espero pelo Raio Zeta que vai me levar daqui. Sem pressa.

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