Eu venho querendo escrever a muito tempo. São meses de
lampejos de ideias, acontecimentos que inspiram postagens aqui, mas a preguiça
é grande, quase sufocante. Não posso, porém, reclamar de falta de tempo, pois
tempo é o que mais tenho nesses meses de morosidade e espera agonizante.
Hoje, eu testemunhei pela segunda vez neste mesmo ano, a
morte de um ente querido. Depois de uma tarde de mormaço quente e lenta, passei
o início de uma noite mais fresca esperando pelo veterinário que daria fim
àquilo tudo, de forma rápida, mas nem por isso, ideal. Ele chegou, ela estava deitada e muito
ofegante no chão da varanda. Fiquei junto deles enquanto as injeções eram
aplicadas, até acabar. Acabou.
Esse tipo de coisa parece combinar com a desolação que
tem sido viver por aqui, nessa época tão desolada na qual me encontro. É como um deserto ao meu redor.
E então, como era de se esperar, a onda de ódio me
alcança, e passo a pensar em cada um em minha longa, muito longa lista de
pseudo-amigos que continuo a eliminar, e
me dou conta que já venho me afastando de gente indigna a tempo suficiente pra
ter esquecido das vozes de alguns desses idiotas. Infelizmente, nunca parecem
terminar.
Caso em questão: em minhas tentativas de pertencer a algo
que me faça pensar em outra coisa que não os meus problemas, decidi que deveria
me integrar a pessoas com quem não tenho nada em comum a não ser o prazer de
andar de bicicleta. E, pra variar, comecei escolhendo mal.
Ter convivido com esse grupo de pedal noturno foi de longe a
pior experiência social que já tive, mesmo comparando ao grupo de RPG com quem
andei há uns anos, gente falsa e cheia de preconceitos
nos dois exemplos, a diferença mais notável sendo que, entre os
idiotas cheios de si do RPG, eu sabia que estava lidando com gente mimada e de
dinheiro, ao passo que naquele grupo de pedal, eu constatei que em Maringá,
aparência REALMENTE conta, e que tem gente ali que não passa de uma bicicleta
cara (cara DEMAIS, às vezes!) com um fantoche sentado no selim. Gente baixa e
pequeno-burguesa, coordenadas por idiotas imaturos que quase sempre deixam
transparecer a que vieram, em seus esquemas de parecerem ativistas do bem-estar
social ao se cercarem de patrocínios para suas camisetas, como abadás para seu
trio elétrico de mediocridade, e do conveniente aval do poder público através
de uma escolta de agentes de trânsito para seu passeio noturno, onde podem
posar de defensores de uma proposta de mobilidade urbana não muito bem definida,
enquanto tornam as ruas seguras para quem pode se dar ao luxo de pedalar pela
cidade fora do horário comercial, mas sem necessariamente deixar de usar seu carro
no dia-a-dia. Tudo muito conveniente e limpo, sem maiores questionamentos, que
é como a casta superior de Maringá gosta. Contam ainda com o apoio de uma das,
se não a maior rádio da cidade, que não por coincidência, também é uma grande
disseminadora do que há de mais medíocre e insuportável em termos de música e
mídia. Eu estive com eles por mais de
dois anos, me afastei, tentei retornar mas cheguei a conclusão de que não fazia
o menor sentido querer dar o melhor de mim e colaborar com aquela farsa, quando
não me sentia nem remotamente parte daquilo. De que adiantava participar de um grupo que
nunca me respeitou pelos meus valores e modo de ser, e que muitas vezes, sequer
reconhecia meus esforços e opiniões? Além
disso, é preciso ressaltar um importante padrão de comportamento ali:
bicicletas baratas, de segunda mão ou velhas demais, como a minha, servem de
ranking para a avaliação silenciosa de todos, e o respeito e consideração que o grupo deveria dedicar a
esse ciclista que não ostenta só acontece da boca pra fora. Novamente, as aparências aqui
contam, e muito, no sentido de ser aceito em um determinado grupo. É sempre
estranho pra mim constatar que certo tipo de gente dificilmente muda de
atitude, embora muitas vezes tenha um discurso totalmente oposto, provando mais
uma vez que, não importa o seu berço, ou o seu viés ideológico, elitistas sem
caráter aparecem em qualquer lugar, época ou circunstância.
E é justamente sobre gente sem caráter, elitista e
manipuladora que gostaria de desabafar a respeito, neste meu esquecido blog,
meu melhor amigo. Talvez o único.
(Fim da Parte 1)
Um comentário:
Já me senti assim tb...
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